A mais bela história - poema , 2022

Na Páscoa de 2021, escrevi um poema, um soneto, sobre Cristo.

Em parte, esse soneto é uma resposta a dois textos, uma crônica de opinião e um outro soneto, escritos respectivamente por José Luiz Delgado e Tobias Barreto, dois professores da Faculdade de Direito do Recife - com um século de diferença, praticamente, já que Tobias foi professor entre 1882 e 1889, e Delgado entre 1975 e 2021.
O texto do professor Delgado (que foi meu professor de Direito Constitucional na Faculdade, uma pessoa muito católica) chama-se Uma história bonita, e foi publicado no Jornal do Commercio, do Recife, em 26 de março de 2016.
Não vou copiar tudo aqui (mas vocês podem ler abaixo), mas ele inicia dizendo “Convenhamos: se não for verdadeira, é uma história realmente muito bonita”, e prossegue com um resumo da história de Cristo, comentando vários aspectos da história de Cristo, uma história muito diferente de todas as histórias criadas pelo homem (em matéria de religião ou não), por revelar uma grande compaixão do criador por suas criaturas.
Ao final, ele diz: “Nenhuma história corresponde mais integralmente às nossas inquietações, ansiedades, angústias. Temos medo da morte? Naquela história está a maior consolação possível. Aspiramos à eternidade? Nela está a melhor resposta. Debatemo-nos e nos afligimos entre dúvidas e sofrimentos? Ali está a esperança, a segurança, a paz definitivas (...). É história tão bonita, tão perfeita, que é difícil acreditar que possa ter sido simplesmente criada pela imaginação dos homens… Que gênio poderia ter sido capaz de inventar fantasia ou maravilha assim? O máximo que a imaginação humana concebeu foi a mitologia grega, que é muito inferior à história que culmina nesta semana.”
Tobias Barreto, por outro lado, faz um poema com um tom de dúvida quanto à missão de Cristo como Salvador, e esse texto, de título Ignorabimus, sim vou poder transcrever aqui:

Ignorabimus

Quanta ilusão! O céu mostra-se esquivo

E surdo ao brado do universo inteiro…

De dúvidas cruéis prisioneiro,

Tomba por terra o pensamento altivo.


Dizem que Cristo, o filho do Deus vivo,

A quem chamam também Deus verdadeiro,

Veio o mundo remir do cativeiro, 

E eu vejo o mundo ainda tão cativo!


Se os reis são sempre reis, se o povo ignavo,

Não deixou de provar o duro freio

Da tirania, e da miséria o travo,


Se é sempre o mesmo engodo e falso enleio,

Se o homem chora e continua escravo,

De que foi que Jesus salvar-nos veio?

Põe em dúvida o teuto-sergipano Barreto a missão redentora de Cristo, afirmando que a “libertação” do cativeiro físico (imposto pelos homens uns aos outros), não seria real a promessa bíblica da redenção.
Ainda em 2021, alguns meses depois de ter escrito o soneto, meu amigo Gabriel González (que já mencionei em outros momentos aqui), me perguntou por poemas escritos em português sobre Cristo, para uma publicação da revista Irreantum.
Em março de 2022, foi publicado o número 19.1 dessa revista, editada pela Association for Mormon Letters (a associação de escritores mórmons dos Estados Unidos), foi dedicado ao tema “Water into Wine - Contemporary LDS Poems about Jesus” (algo como “Da água ao vinho - Poemas SUD contemporâneos sobre Jesus”). E para minha grande e imerecida alegria, pude ver ali o poema A mais bela história, primeiro poema de língua portuguesa a ser publicado nessa revista.



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